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20 de mai. de 2008

ALIMENTOS versus BIOCOMBUSTÍVEIS

Antes dessa crise de alimentos, o Eng.Agrôn. LUIZ FERREIRA (ex-pesquisador da CEPLAC) publicou na Agência de Notícias- http://www.r2cpress.com.br/ - a seguinte crônica, que achei ser útil aqui divulgar.

A ENERGIA PRIORITÁRIA

Informações da FAO (Organização das Nações Unidas para a agricultura e alimentação) dão conta que, no ano 2010, deverão existir 650 milhões de famintos, com base no declínio agrícola mundial dos últimos 30 anos.
Por outro lado, enquanto os paises ricos têm investido na produção de alimentos, sobretudo depois da crise do petróleo, com a aplicação de tecnologias, existindo hoje excesso de oferta, os paises pobres, sempre na contramão da história, continuam a aumentar a sua indigência rural. Essa estratégia das Nações desenvolvidas se deveu ao simples fato de que petróleo não se come, aliado à constatação de que os árabes são carentes em agricultura, daí se ter projetada a hegemonia do alimento sobre o produto fóssil, como salvaguarda.
Enquanto isso, 7 milhões de hectares de terrenos são perdidos pelo mau uso do solo estimando-se que 250 milhões outros, poderão perder o seu valor agrícola em 20 anos.
Dessa forma, o desafio, especialmente para os paises subdesenvolvidos, é incrementar urgente a produção de grãos, raízes, tubérculos e frutas, além da proteína animal, utilizando tecnologias compatíveis à natureza de seus solos, de modo a não degradar as suas terras. Adicionalmente, é fundamental que se produza em lugar certo, com a vinculação do homem do campo à cidadania econômica.
Isso significa dizer: (a) o solo tem que ser manejado, como se fora um legado usufruto, de modo a que passe às gerações futuras com sua capacidade produtiva; e (b) os alimentos devem ser produzidos em áreas descentralizadas, contemplando o pequeno agricultor, de maneira a que o alimento chegue às populações carentes, seja como auto-subsistência, ao nível das feiras, sem intermediários, etc, possibilitando acabar com a fome no campo.
Dentro dessa visão, é fundamental a participação da pequena produção, não como unidades isoladas e operacionalizadas com a enxada, a “matraca”, etc, mas sob sistemas cooperativos ou de empresas associativas, dentro de um programa abrangente de governo, que contemple desde a organização da produção ao associativismo, possibilitando ao pequeno agricultor produzir com tecnologias, ter garantias mercadológicas, acesso aos insumos e, em última análise, ser um empresário vinculado à economia de mercado.
E aí estão os sem-terra, que poderiam prestar uma contribuição fantástica ao país, tanto no que concerne a acabar com os famintos, como evitar a miséria urbana. Isso se, além da terra, o governo pensasse em desenvolvimento rural integrado e, não simplesmente, como parece ser o caso, apenas assentar sob pressão, para “inglês ver”, como se estivesse interessado em mantê-los no campo, evitando que a miséria se desloque para os grandes centros.
Em reforço, não basta uma produção de 200 ou mais milhões de toneladas de grãos, se ela não permite que mais de 20 milhões de pessoas tenham acesso à comida, significando dizer que há algo de errado neste modelo de desenvolvimento econômico brasileiro.
E a tendência é se agravar com o enfoque exagerado “agroenergético”, substitutivo do petróleo, numa inconseqüente expansão descontrolada da cana-de-açúcar, ”atropelando” as culturas de subsistência, como já mostra estudos em São Paulo, por mais que o governo negue, reduzindo os seus plantios e/ou elevando os seus preços, quando os alimentos são a mais importante fonte energética humana.
Não se deve esquecer o fiasco da mamona, fazendo com que o governo para cantar de galo, como grande produtor de biodiesel, tem recorrido à soja, uma fonte alimentar sem igual.
E por falar nisso, como tudo que acontece no nosso país - vale mais o efeito político e que se dane o planejamento - o etanol tão decantado pelo governo, poderá se transformar em dor de cabeça futura, pelo descontrole, haja vista o investimento mundial em produzi-lo com outros cultivos e, sobretudo, através da hidrólise da celulose. Neste último caso, a cana perderia a sua prevalência, provavelmente.
Num país, como o Brasil, rico em solos, clima, relevo, altitude, bacias hídricas, mão de obra ociosa, etc podendo-se plantar desde a batata doce à maçã, nada justifica o brasileiro passar fome, a não ser a incompetência dos homens que mandam nessa Nação, incluindo o poder público e a elite burra, sem antevisão de futuro, sem patriotismo e, por que não dizer, destituída de espírito cristão.
Mais fácil e lucrativo tem sido para todos os governos, a distribuição de esmolas (apelidadas, hoje, de bolsas), faturando na boca da urna, do que investir no meio rural, implementando uma política integrada de aproveitamento dos recursos da terra, na qual o homem do campo seria o epicentro do sistema.

16 de mai. de 2008

NOVO MINISTRO DO MEIO AMBIENTE, NOVOS PROBLEMAS???

Vale a pena ler artigo de O ECO, divulgação do site http://www.portaldomeioambiente.org.br/

Saída calculada: análise sobre a saída de Marina
16/5/2008
Muita gente apostou que ela sairia quando a Lei de Biossegurança foi aprovada, liberando o plantio de transgênicos sem estudos de impacto ambiental. Outros diziam que, quando o governo Lula aprovasse as grandes obras de infra-estrutura para Amazônia, a ministra do Meio Ambiente pediria as contas. Mas vieram rodovias na floresta, o licenciamento das usinas hidrelétricas do rio Madeira, e Marina Silva não arredou pé. Porém, foi nesta terça-feira 13 de maio, Dia da Abolição, que a acreana Maria Osmarina Marina da Silva, abandonou o governo de seu aliado de longa data Luis Inácio Lula da Silva. Mas por que só agora, depois de engolir tanto desaforo?
Engana-se quem acha que Marina Silva resolveu sair do ministério do Meio Ambiente ao saber que o presidente Lula entregaria a coordenação do PAS (Plano Amazônia Sustentável) ao ministro Mangabeira Unger. A ministra começou a amadurecer essa decisão bem antes do lançamento do programa na última quinta-feira, em Brasília. Há cerca de seis semanas, ela avisou a um grupo muito próximo de assessores que talvez fosse hora de começar a se preparar para voltar ao Senado. Disse, no entanto, que não faria nada precipitadamente e que sua saída do ministério, se realmente ocorresse, aconteceria lá para fins de julho, início de agosto.
Marina não contou a ninguém, mas na época, começou a achar que o presidente estava agindo no sentido de desmoralizá-la lenta e gradualmente. Para começar, Lula fez coro com o governador de Mato Grosso, Blairo Maggi, questionando os números do Inpe, corroborados por dados levantados pelo Imazon, de que o desmatamento na Amazônia estava recrudescendo. O presidente tampouco reagiu quando as ações da Polícia Federal viraram alvo de críticas dos ruralistas, que pediam mais cerimônia das autoridades no combate ao desmatamento nos 36 municípios considerados os mais críticos da região.
Existem indícios de que mais uma indisposição entre o governador Blairo Maggi e Marina Silva – durante o lançamento do PAS, na semana passada – tenham motivado sua saída. Procurada pela reportagem de O Eco, a assessoria do governador de Mato Grosso não quis responder.
Lula também não se mexeu quando foi alertado por Marina e seus assessores no ministério do Meio Ambiente que os ruralistas estavam se mexendo para passar no Congresso o projeto de lei do senador Flexa Ribeiro (PSDB-PA), conhecido pelas alcunhas de ‘Floresta Zero’ e ‘Estatuto do Desmatamento’, que prevê a redução da reserva legal em fazendas na Amazônia de 80% para 50%. A ministra também sentiu que no Planalto não havia muito apoio para uma medida adotada no início de março pelo Conselho Monetário Nacional (CMN), impedindo bancos públicos e privados de concederem crédito a fazendas que não estejam cadastradas nos órgãos ambientais e com um plano de recuperação de suas reservas legais registrado nos órgãos competentes.
Cortes no PAS
A medida tomada pelo CMN, para a qual a Casa Civil e o ministério da Agricultura torciam o nariz, poderia muito bem secar um bom naco do crédito que financia o corte de árvores na região Norte. Os fazendeiros resistiram frontalmente a ela, evitando fazer o cadastramento e pressionando seus representantes em Brasília a pedir o adiamento de sua entrada em vigor, marcada para primeiro de julho. A falta de uma palavra pública do Planalto em favor da medida, sinalizou a Marina que ela talvez estivesse natimorta, dando a então ministra mais motivos para ir embora.
O silêncio do Planalto sobre os ataques do ministério da Agricultura contra a lista de propriedades embargadas por problemas ambientais que o Ibama colocou na Internet, foi outro sinal de que talvez tivesse chegado a hora de partir. As razões finais para pedir o boné, no entanto, vieram na quarta-feira da semana passada. No fim da noite, às vésperas do lançamento do PAS, Marina descobriu que o programa que ela levara para a análise do Planalto tinha sido reduzido a trapos pelas tesouras da Casa Civil da Presidência da República.
Das duas dezenas de decretos de criação de Unidades de Conservação que estão engavetadas desde o início do ano passado na escrivaninha de Erenice Guerra, secretária-executiva de Dilma Roussef, apenas 3 foram liberadas. E entre elas não estava a unidade mais cara à ministra, a Reserva Extrativista do Médio Xingu. De fora do anúncio, ficaram também as propostas sobre pagamentos por serviços ambientais prestados por áreas cobertas com floresta e um pacote de medidas para forçar a regularização fundiária na região. Foi demais para Marina.
Máquina do Planalto
No fim de semana, ela revelou a alguns assessores que provavelmente sairia do governo antes do que imaginava. Mas foi só na segunda-feira de manhã que ela tomou a decisão, avisada a amigos e auxiliares próximos através de uma mensagem de texto enviada para seus celulares, marcando sua despedida oficial para o dia seguinte. Na segunda de noite, reuniu 13 assessores diretos e pediu que eles permanecessem em seus cargos a espera da indicação de um novo ministro. A quem quis uma explicação sobre sua decisão, Marina respondeu que era impossível ficar depois de tantas demonstrações de falta de apoio presidencial.
Na terça-feira, Marina ainda teve o dissabor de ter de enfrentar a máquina de comunicação do Planalto. Em silêncio, ela viu o palácio vazar a sua carta de demissão, um texto escrito por ela apenas para os olhos do presidente, e soltar uma série de boatos sem qualquer fundamento. O primeiro dizia que Lula já esperava a demissão há dois meses e tinha convidado Carlos Minc, secretário de meio ambiente do Estado do Rio, para assumir o cargo.
Outro garantia que o presidente tinha sido tomado de surpresa e estava irritado com a decisão de Marina, o que ele em nenhum momento externou para a ex-ministra. No fim do dia, o Planalto soltou que o seu substituto seria Jorge Vianna, ex-governador do Acre. Finalmente empurrou um terceiro nome para a disputa, José machado, petista, ex-prefeito de Piracicaba e atual diretor da Agência Nacional de Águas.
Repercussão
Se são uma, duas ou mais razões imediatas que forçaram a saída da ministra, o mais importante nessa discussão é que, há anos, Marina Silva falava sozinha. Como lembra a jornalista Miriam Leitão em seu blog, a ministra engoliu muitos desaforos e foi diversas vezes desrespeitada dentro do governo, como a viagem do ministro extraordinário de Assuntos Estratégicos para planejar ações na Amazônia, coisa que ele já demonstrou ser inapto, para dizer o mínimo. A saída demorou desde a época em que Marina Silva disse que perdia o pescoço, mas não o juízo.
Para Adriana Ramos, do ISA – Instituto Socioambiental, a saída de Marina Silva mostra que todos os esforços do Ministério do Meio Ambiente foram em vão, demonstra claramente que a política da cúpula do governo federal não está alinhada com nada ligado à preservação. “Sua saída é muito ruim para o Brasil e para o governo. O impacto internacional será grande, ainda mais às vésperas da Conferência da ONU sobre a Biodiversidade”, avalia. Segundo a ambientalista, Marina Silva sempre defendeu o presidente Lula e o governo, mesmo quando isso trazia perdas a sua pasta. “Ela chegou a um limite, pela pressão do PAC, pela da falta de disposição do governo em acatar e implementar as medidas propostas pelo MMA. É compreensível que isso tenha acontecido”, diz.
Que a demissão da ministra foi uma clara sinalização de que ela não estava, há muito, se sentindo apoiada o suficiente dentro do governo pouca gente duvida. O desafio é saber se o que foi avançado até agora na política ambiental não sofrerá retrocessos. “Um recuo agora não seria bom pro governo, nem mesmo para o setor da agricultura”, opina Sergio Guimarães, membro do Conselho Nacional do Meio Ambiente (Conama) e coordenador do Instituto Centro de Vida (ICV). Segundo ele, um recuo neste momento poderia comprometer a política de biocombustíveis em nível internacional. “A Marina é conhecida e bem vista internacionalmente. De certa forma, ela dava aval ao governo Lula na área ambiental", diz.
A saída da ministra Marina Silva começou a ser comemorada cedo em Mato Grosso. A Federação da Agricultura e Pecuária (Famato), que sempre se queixou que a área ambiental do governo travava o desenvolvimento do estado, declarou que espera um novo ministro de meio ambiente menos radical do que Marina. O presidente da entidade, Rui Prado, defendeu, segundo sua assessoria, que “a ministra é uma pessoa extremamente comprometida com a causa ambiental e com a comunidade internacional sem se preocupar com o Brasil e com os brasileiros”.
A demissão de Marina Silva também acarreta dúvidas dentro dos órgãos ambientais do governo. De acordo com um analista ambiental do Ibama que preferiu não se identificar, o sentimento é de que tempos piores virão. Para ele, o poder desenvolvimentista dentro de Brasília ganha cada vez mais força, o que indica a escolha de uma nova cúpula para o ministério totalmente atrelada a interesses econômicos . Até agora, Lula conseguiu emplacar todas as obras prioritárias do PAC. Os funcionários temem que o meio ambiente, a partir de agora, fique relegado ao décimo plano.
*Aldem Bourscheit, Andreia Fanzeres, Felipe Lobo, Gustavo Faleiros e Manoel Francisco Brito
Fonte: O Eco.

10 de mai. de 2008

MEIO AMBIENTE E INDIOS NO BRASIL

Como participante do "Grupo Brasil", criado por iniciativa de ex-colega do Centro de Pesquisas do Cacau (na Bahia), o experiente e competente engenheiro agrônomo, pedólogo, Luiz Ferreira da Silva, dei minha contribuição às discussões sobre a causa indígena, escrevendo o ensaio que segue.
GIGA-ZOOLÓGICO HUMANO
Confesso sentir-me obrigado a dizer que em pleno século das esperanças de mudanças, continuamos com as mesmas atitudes de séculos anteriores. Mormente com referência às relações homem-Natureza preocupa-me o fato de que ainda há brasileiros (e muitos) que pensam que vivemos num país com recursos inesgotáveis. E em assim sendo, continuamos, sob a égide governamental, tratando nossos recursos naturais como filho de rico que não sabe (ou nem quer saber!) o que herdou e “torra tudo”. As leis (ah! As Leis) são, só da União, milhares. As nossas leis concernentes ao meio ambiente são tidas como as mais avançadas do mundo. Mas, como disse Tacitus Publius Cornelius, no ano de nascimento de Cristo, "Corruptissima republica, plurimae leges” = Quanto mais leis tem um país, mais corrupto ele é. Por isso, penso que logicamente elas devem existir, mas desacompanhadas como são, de um processo educativo efetivo e eficiente, é de insignificante valia. Empresários e povo, continuam desrespeitando-as, atropelando os direitos alheios, subornando e, entre tantos outros mais desmazê-los, praticando sutil, dissimulada e ardilosamente preconceitos sociais e raciais. Este é o caso dos nossos índios, penso eu. Assim vejamos alguns aspectos.
À medida que avançamos no tempo, as necessidades de qualquer povo, mudam. Seria insanidade negarmos que qualquer índio hoje não deseje ter acesso às facilidades descobertas pelo Homo economicus moderno, como uma boa geladeira para estocar alimentos (produzidos por tecnologia viável, como bem afirma nosso estimado amigo Luiz Ferreira em suas apreciações no Grupo Brasil), televisão para se atualizar, telefonia para comunicar-se nas distâncias deste imenso país, além dos elementos estruturais fundamentais de uma sociedade, como educação, assistência médico-hospitalar, sanitarismo etc. que se constituem no que hoje chamamos de boa qualidade de vida. Ao invés disso, fazemos de conta que estamos preocupados em preservar a cultura indígena e reservamos para eles, espaços gigantescos (confundindo santuário ecológico com terra indígena, segundo o indigenista “Zeca Cabelo-de-Milho”) (observação importante: como ecólogo, e não “ecologista”, odeio este termo “santuário”, que é irreal, utópico mas é a paixão de “ecologistas”, grupo este com o qual NÃO me identifico). De novo cito nosso amigo Luiz Ferreira em seus escritos: “cultura, tradição e folclore, podem ser preservados sem atrasar ninguém”. E de novo cito o Zeca, que acertadamente analisa que “os índios querem se integrar, produzir, ter acesso à informação, estão sedentos de conhecimento” (apud Revista IstoÉ 30/04/2008). Espaço para eles há em excesso: 46% do território do estado de Roraima, ou “mais do que um Portugal”, para se viver na cadeia alimentar primitiva: “plantas naturais crescendo, herbívoros devorando-as e índios predadores comendo os herbívoros e mantendo o equilíbrio ecológico; pois se herbívoros não existissem o planeta Terra seria só mata; e se os índios não existissem, os herbívoros se excederiam em número e devorariam todas as plantas... e se extinguiria a vida na biosfera terrestre”. Ao afirmar isto, sinto-me em plena sala de aula explicando para leigos como funciona este modelo simples de um ecossistema em homeostase, ou equilíbrio dinâmico ... e nada mais do que isso!
Quanto à nossa política indigenista, insiste-se em manter este importante segmento do nosso povo, marginalizado em “giga-zoológicos”.E enquanto a integração não acontece, lá vivem eles praticando igualzinho ao que ocorre no resto do país: corrupção, posse de bens alheios, alcoolismo ... e até infanticídio (tradição cultural deles; omissão nossa). Indiozinho com deformação física, com perna aleijada, não serve para caçar, mas poderia ser um excelente profissional em diversas áreas da sociedade moderna (educação, engenharias, medicina, informática e muitas outras...). Indios adultos são facilmente cooptados a fazer o que não se deve, como plantar maconha, matar seres humanos ... . Pela lei, não se lhes pode imputar responsabilidades. Até quando serão considerados “incapazes”?
Agricultura itinerante, plantios sem técnicas adequadas, contrabando de madeira... são delapidações que nos fazem perder a oportunidade de gerar divisas produtivamente, ganhar “créditos de carbono” e usufruir da rica biodiversidade tropical.
Em termos de avaliação política não é a toa que surgiram expressões brasileiras referentes a político honesto (raríssimo): “esse é tão ruim, que nem parente ele ajuda” e a político desonesto (comuníssimo): “esse rouba mas faz”. Bandalheira: sempre existiu, dizem os “otimistas”, mas se agrava em perpetuidade, digo eu “pessimista”. Nossa “pobre-marionete” do Ministério do Meio Ambiente não tem presença significativa no governo. Sinto mais pena dela do que revolta! Precisaríamos de espaço aqui para descrever as atrocidades cometidas contra nosso maior patrimônio (e o maior do mundo, sem medo de errar): a amazônia.
E os Presidentes da nossa república? Alguém sarcasticamente mostrou a diferença nas obras dos governos anterior e atual: FHC, professor universitário aposentado com 10 anos de trabalho e sociólogo de competência duvidosa disse “Esqueçam o que eu escrevi” e Lula, torneiro-mecânico, nordestino batalhador preocupado com as injustiças sociais disse “Escrevam o que eu esquecí”.
Breno Grisi
(ECÓLOGO; jamais Ecologista)

3 de mai. de 2008

"DESERTOS EM OCEANOS" ESTÃO CRESCENDO

[BILINGÜE]
INGLÊS: Low-oxygen regions have expanded over the past half-century.
PORTUGUÊS: Regiões com baixa oxigenção têm se expandido nos últimos 50 anos
[Nature, 01/05/2008]
INGL.: Low-oxygen 'underwater deserts' in the tropical oceans have expanded over the past 50 years, according to new measurements. The most likely cause of the change is global warming, and climate models predict that the trend will continue, potentially threatening marine ecosystems.
PORT.: “Desertos debaixo d’água” com baixo (teor de) oxigênio têm se expandido ao longo dos últimos 50 anos, de acordo com medições. A causa mais provável dessa mudança é o aquecimento global, e modelos climáticos prevêem que essa tendência continuará, ameaçando potencialmente os ecossistemas marinhos.
INGL.: The discovery concerns a layer of the ocean called the 'oxygen-minimum zone', where concentrations of dissolved oxygen are particularly low. The new study shows that this zone has been expanding both upwards and downwards into the adjacent layers in tropical waters. Researchers led by Lothar Stramma of the University of Kiel, Germany, measured the oxygenation of the oceans at depths of between 300 and 700 metres during a series of observation cruises in tropical regions of the world's three main oceans.
PORT.: A descoberta diz respeito a uma camada do oceano chamada de “zona de oxigênio mínimo”, onde concentrações de oxigênio dissolvido são particularmente baixas. O novo estudo mostra que esta zona tem estado se expandindo tanto para cima como para baixo para as camadas adjacentes, em águas tropicais. Pesquisadores liderados por Lothar Stramma da Universidade de Kiel, Alemanha, mediram a oxigenação dos oceanos nas profundidades entre 300 e 700 metros durante uma série de viagens de observação, nas regiões tropicais dos três principais oceanos do mundo.
INGL.: Climate models predict that warming of the sea's surface as a result of human activity will hamper the mixing of oceanic waters, preventing dissolved oxygen from mixing evenly through the water column. The new results suggest that this process has already begun.
PORT.: Modelos climáticos prevêem que o aquecimento da superfície do mar como resultado da atividade humana dificultará a mistura das águas oceânicas, evitando o oxigênio dissolvido de misturar-se igualmente na coluna de água. Esses novos resultados sugerem que esse processo já começou.
INGL.: In suboxic waters, nitrogen cannot react with oxygen to form biologically available nitrate. This means that organisms at the base of food chains, such as plankton, do not get enough nutrients to survive.
PORT.: Em águas com deficiência de oxigênio, o nitrogênio não poderá reagir com ele para formar nitrato biologicamente disponível. Isto significa que organismos da base da cadeia alimentar, como o plâncton, não obterão nutrientes que sejam o bastante para sua sobrevivência.
INGL.: The ultimate effect on commercially important ecosystems such as fisheries are difficult to predict. "There are many complicated mechanisms involved that we need to understand better to predict changes for the future," he says. "I see our results as a starting point to be able some day to tell what changes in biogeochemistry, biology and fisheries we have to expect."
PORT.: O efeito final sobre os ecossistemas comercialmente importantes como os pesqueiros, são difíceis de serem previstos. “Há muitos mecanismos complicados envolvidos e que nós precisamos entender melhor para prever mudanças no futuro” [afirma o pesquisador]. “Eu vejo nossos resultados como um ponto de partida que será capaz de algum dia dizer que mudanças na biogeoquímica, biologia e indústria pesqueira possamos esperar”.
INGL.: Laurence Mee, director of the Marine Institute at the University of Plymouth, UK says: "When you start to mess around with the food chain, it has all kinds of knock-on effects that we don't know about yet".
PORT.: Laurence Mee, diretor do Instituto Marinho da Universidade de Plymouth, no Reino Unido, diz: “Quando você começa a bagunçar a cadeia alimentar, acontecem todos os tipos de efeitos atordoantes sobre os quais ainda nada conhecemos”.
INGL.: Any effect on fisheries is likely to be indirect, because these low-oxygen zones are far from the coastal waters that host most commercial fishing, suggests Andrew Solow, director of the Marine Policy Center at Woods Hole Oceanographic Institution in Massachusetts. "I don't know many fisheries that take place between 300 and 700 metres in the tropical ocean," he says.
PORT.: Qualquer efeito sobre zonas pesqueiras é provável que seja indireto, porque estas baixas zonas de oxigênio estão longe das águas costeiras que hospedam a maioria dos pescados comerciais, sugere Andrew Solow, diretor do Centro de Política Marinha da “Woods Hole Oceanographic Intitution” em Massachusetts. “Eu não conheço muitas zonas pesqueiras que ocorram entre 300 e 700 metros nos oceanos tropicais”, diz ele.
[Referência: Stramma, L., Johnson, G. C., Sprintall, J. & Mohrholz, V. Science 320, 655-658 (2008)]